Capítulo 3 do romance-folhetim
Depois de muita discussão e análises milimétricas dos detalhes nos dois capítulos anteriores, será que neste encontramos respostas?
Feliz Ano Novo! É uma alegria começar 2024 com o romance-folhetim no ar, já com 38 assinantes e um grupo no Telegram em ebulição a cada capítulo publicado! Só tenho a agradecer.
O romance será apenas para assinantes pagos a partir da próxima edição, mas Porém Carol Chiovatto mantém formato que você já conhece, sem periodicidade regular, porque só envio quando tenho novidades das minhas publicações tradicionais (FINALMENTE CHEGOU O ANO de PB2!!!), anúncio de eventos e outros assuntos relacionados.
Aos pouquinhos, estou transformando a news e o canal do Telegram nos meus principais meios de comunicação. Já disse isso algumas vezes, mas é sempre bom lembrar: se você só me acompanhar pelas redes sociais, corre o risco de perder notícias importantes, por causa dos algoritmos que entregam apenas pra uma porcentagem muito baixa de seguidores.
Além do mais, se você participar das discussões pelos comentários no Substack e/ ou pelo grupo, vai descobrir um povo animado demais, morrer de rir com os memes e talvez até desvendar os mistérios mais rápido. A turma é atenta; fico empolgada porque tem gente que já entendeu qual a proposta do romance-folhetim, o que teria sido bem mais difícil sem tantos olhares diferentes pra catar pelo em ovo. Eu e o Bru ficamos lendo e comentando na maior empolgação.
Com o capítulo da semana passada, a galera no Telegram decidiu criar um Google Drive colaborativo pra reunir as observações e teorias que poderiam se perder em meio ao bate-papo. Sério, fiquei emocionada. Não coloco o link aqui porque ele pertence aes leitores, mas se você entrar no grupo, fixei lá pra facilitar. Todes são bem-vindes!
O empenho foi tamanho que buscaram coisas na Wikipedia, tipo a distribuição geográfica dos pássaros citados, as utilizações dos títulos de nobreza. Até comentaram sobre meu conto da Suprassuma, histórico, pra comparar a linguagem das personagens em uma narrativa e na outra.
E teve, é claro, os memes. O que dizer dos memes? Eu deixo pra você julgar, se não tiver visto ainda:
Até o fim desse romance terei criado tanquinho, de tanto que eu rio!
Queria agradecer, de todo o coração, a todes que estão participando com tanto entusiasmo. A internet é um lugar imenso e é fácil se perder. Obrigada por estar comigo nessa aventura!
A partir do próximo capítulo, como avisei desde o início, a periodicidade será mensal até alcançarmos a meta de 50 assinantes do folhetim. Chegando lá, a publicação sairá uma vez a cada três semanas. Gostaria de postar mais, porém seria inviável pra mim.
Sei que algumas pessoas estavam esperando virar o cartão pra assinar. E janeiro é um mês ingrato pra todo mundo. Então, por esse motivo, mandarei o quarto capítulo com paywall. Ou seja, o início do e-mail vai ser aberto a todes inscrites na news, e o capítulo em si, só pra assinantes. Assim, se você tiver se esquecido de assinar, ou não conseguido ainda, eu te lembro.
Recapitulando…
A pobre da Sofia está presa há muito tempo, até que jogam em sua cela um homem rico e letrado, Gabriel, todo estourado de pancada. Ele recebe um monte de privilégios na forma de comida e cuidados médicos (e higiênicos!), e escolhe partilhá-los com ela, o que a deixa ressabiada. Soldados, empregadas, enfermeira e até um interrogador o tratam por “excelência”. Ele é engraçadinho quando o assunto é sua identidade, e Sofia fica estressada. E agora vieram tirá-la da cela para um interrogatório.
Aviso de conteúdo sensível: o próximo capítulo faz menção a tortura (embora não traga nenhuma cena explícita) e ideação suicida.
Fui torturada. Não quero falar muito sobre isso. Mas fui. Nunca tinha acontecido. Antes, eles faziam ameaças, até me davam uns tapas. Eu chorava, jurava não saber nada, implorava. Tudo para sentirem que eu falaria tudinho, se soubesse. Para confiarem no próprio poder sobre mim.
Não daquela vez. Naquele dia, despiram-me, amarraram minhas mãos para trás com uma corda que subia para uma roldana no teto. Logo descobri que, quando puxavam a corda o suficiente, eu era suspensa. A dor! Apaguei várias vezes, acordei com água na cara. Vomitei, gritei, chorei, me mijei.
E, sim, falei.
Descrevi o caminho margeando o rio até a clareira onde o líder da rebelião costumava ficar. Falei a senha. Expliquei que ali não havia armas ou soldados, fora as sentinelas. Contei seu trajeto minuciosamente e os horários de troca da guarda. Discorri sobre a lista de espiões rebeldes no Império, que o líder trazia sempre consigo e eu nunca vira.
Nunca havia mentido tanto, e de modo tão convincente.
Largaram-me no chão, reduzida a lágrimas e espasmos, enquanto faziam planos megalomaníacos. Minha consciência ora me abandonava, ora me obrigava a ficar ali com eles. Meus ombros eram agonia.
De algum modo, fui parar de volta na cela, encarando o peito nu de Gabriel, vestida com sua camisa e a calcinha que eu lavara mais cedo.
— Shh, não se mexa ainda — ele sussurrou.
Um pano úmido tocou minha testa, outro, meus ombros, que encolhi devagar. A pinçada do movimento foi horrível, mas não tanto quanto antes. Precisei respirar fundo várias vezes (um som quebradiço e ensurdecedor) até meu corpo absorver o pior do latejar contínuo. O chão gelado de pedra atenuava o pior da dor.
— Eu os coloquei no lugar — disse ele, soando irritado. — Não se mova.
Fitei seu rosto avermelhado, o olhar feroz. O pano úmido tinha uma leveza em tudo contrária à tensão de sua postura, ao maxilar travado, ao punho cerrado na borda do balde com uma força tal que delineava os músculos de seu antebraço e fazia surgir um mapa de veias em toda a extensão até as costas da mão.
Como a garganta ainda ardia, depois de gritar tanto, eu mal conseguia articular gemidos, quanto mais perguntar o que gostaria. Gabriel, no entanto, pareceu me escutar. E entender.
— Você não ficou fora duas horas, acho. — Molhou o pano no balde, espremeu o excesso de água, fulminando a porta fechada com o olhar. Quando voltou a pousá-lo sobre minha testa, o toque foi delicado, refrescante. Um alívio. Meus olhos queimaram, e deixei as lágrimas escorrerem. Não quis imaginar como seria viver aquele momento sozinha. — Já voltou há pelo menos duas também.
Ao afastar o pano de novo, tocou minha testa com ar avaliador. Continuava teso como uma corda prestes a arrebentar, mas o contato foi gentil. Sua preocupação era palpável; eu devia estar com febre. Ao me surpreender encarando-o, desviou o olhar, desconfortável.
— Não vou receber frutas para te dar — consegui murmurar.
Fogo na garganta. Um incêndio. Tinha arrebentado alguma coisa ali dentro. Cerrei os olhos, evitando o ímpeto tossir para não piorar as coisas. O que eu não faria por um gole de água?
Gabriel abaixou a cabeça. O punho na borda do balde ficou branco com o aperto extra. O idiota acabaria se machucando assim.
— Isso é culpa minha — declarou, pouco acima de um sussurro, tão envergonhado e derrotado, tão diferente de seu tom até então, que parecia outra pessoa.
Eu quase disse que ele estava se dando importância demais, que não havia como responsabilizá-lo, sendo que estava tão preso quanto eu. Mas as peças se encaixaram de repente, como deveriam ter feito antes. Meu peito apertou com outro tipo de dor, tão profunda quanto, até mais paralisante.
Aquele homem, que compartilhara comigo uma fração de seus privilégios, que me vestira e estava cuidando de mim, chamava-se Gabriel.
Achara engraçado eu desconhecer sua identidade.
Era próximo da imperadora.
Tratavam-no por “excelência”, mesmo enquanto prisioneiro.
O desdém do interrogador voltou à tona. Você não tem mais jurisdição aqui, Excelência. Jurisdição.
Sua chegada antecedera o primeiro uso de tortura contra mim.
Eu sabia quem era ele. Só não tinha me ocorrido antes porque impensável. Como seria possível?
Mais lágrimas escorreram por minhas têmporas, entraram em minhas orelhas. O retesar provocado por aquele golpe redobrou a dor se espalhando em ondas pelo meu corpo, mas não consegui relaxar.
Por quê?
Porque alguém que eu odiava tanto precisava ser o único alívio no meio daquele pesadelo?
— Marquês do Planalto? D. Gabriel d’Aquitânia?
Desejei, com um desespero que nem sabia existir dentro de mim, que ele negasse, risse da ideia estapafúrdia. Alguém tão importante jamais estaria naquele bueiro… Mas a careta, o maxilar travado, o olhar evasivo…!
— Imaginei esse momento de outro modo — comentou, alheio ou indiferente ao meu choque. — Mais lúdico, talvez. — Engoliu em seco, arriscou uma espiada em meu rosto e voltou a encarar o chão. — Não tem a menor graça agora.
Se havia uma característica redentora naquele homem, era sua conhecida aversão à tortura de prisioneiros. Não por bondade: julgava o procedimento contraproducente. Olhando-o agora, parecia mesmo perturbado. Mas talvez eu só estivesse procurando um meio de absolvê-lo das monstruosidades que eu sabia terem sido ordens suas, encontrar outra explicação para sua afabilidade. Doía demais aceitar que eu chegara perto de simpatizar com aquele verme.
Na verdade, meio Império pertencia ao duque d’Aquitânia, seu pai, credor da imperadora Astride e do príncipe consorte, Leon. Gabriel era o mais velho dos três filhos, incumbido de conter a rebelião na fronteira oeste, a região conhecida como Planalto. O irmão do meio, Samuel, era o Conde da Baía da Fumaça, área sob constante ataque de povos originários. O mais novo, Uriel, morava ainda com o pai. A mãe deles, primeira esposa do duque, fora prima de terceiro grau da imperadora ou algo assim.
— Tantas dúvidas e acusações nesse rosto… — Gabriel suspirou, voltando a molhar o pano e largando-o quando recuei com uma repugnância indisfarçada, movimento que pinçou algo lá no fundo. Ele desviou o olhar outra vez. — Ao menos servi de distração. Como se sente?
— Como você acha? — rugi, cerrando os punhos.
Um espasmo me dominou, vingativo, e comprimi os olhos, ofegando enquanto esperava a onda de agonia aquietar. O marquês do Planalto em pessoa, numa cela comigo. Ele não tinha o direito de parecer tão arrasado.
— Desculpe, foi uma pergunta idiota. — Gabriel esfregou a testa com as costas do antebraço. Estava suando. — Queria ajudar.
Só faltava, além de tudo ainda dever gratidão àquele filho da puta. Mais ainda, lembrei com desgosto.
— Obrigada pela camisa — forcei-me a dizer. — E pelos cuidados.
Gabriel comprimiu os lábios numa linha fina, abrindo e fechando as mãos sobre as coxas como se indeciso quanto ao que fazer com elas. Por fim, recuou para seu lado da cela, resignando-se à posição habitual, recostado na parede com as pernas estendidas e cruzadas nos calcanhares. Tinha uma expressão difícil de decifrar, o olhar distante, um vinco profundo entre as sobrancelhas.
— Aquele bostinha se vangloriou de você ter falado tão rápido.
Suas narinas inflaram-se. Cerrei os olhos, suprimindo lampejos daquele horror mesmo enquanto revivia os espasmos de ser suspensa e solta tantas vezes. Mesmo se eu apagasse aquele dia da memória, meu corpo se lembraria.
Não podia descartar a possibilidade de ele estar tentando ganhar minha confiança para obter informações. E se fosse tudo um estratagema? Desde sua chegada? Não, impossível. Costelas partidas, incontáveis hematomas, nariz quebrado. Ninguém se submeteria a algo assim por uma chance mínima de descobrir algo com uma prisioneira qualquer. Havia modos menos drásticos de me investigar. Bom, o interrogador julgava ter provado que sim.
— Sofia? — Seu tom soou preocupado. — Você ficou pálida de repente…
— O que você fez para estar aqui?
Gabriel murchou, ainda evitando meu olhar. Seu rosto branquelo estava corado, mas isso bem poderia ser obra do calor. Ou do esforço. Pensando bem, ele não havia se recuperado o suficiente para ficar me pajeando.
Fosse como fosse, a mudança de atitude surpreendia. Antes, ele não parecia especialmente pesaroso ou arrependido. Com um pouco de raiva, talvez. Nada muito gritante, afinal ele chegara a ter lampejos de bom humor, associados justamente ao motivo de sua prisão. O simples fato de eu ter sido torturada não seria a causa da reviravolta. O que nisso o abalaria tanto, a natureza hedionda do ato? Não. Sua família inteira era desumana.
Veio um suspiro resignado.
— Mal imagino o que pensam de mim entre os seus, pra minha identidade te causar tamanho asco — disse Gabriel. — Sou considerado um oponente firme? Violento? Honrado? Estúpido? Covarde?
— Covarde, sim — respondi. Ele assentiu como se já imaginasse, e na hora nem pensei que acabava de admitir fazer parte da rebelião. — Você nunca dá as caras em nenhum confronto ou negociação. E violento, claro. Na verdade, monstruoso.
Essa última parte o fez arquear as sobrancelhas e me encarar com uma surpresa tão genuína que quase comprei a performance.
— Monstruoso?
Travei a mandíbula. Doía falar, mas o silêncio era pior; fazia eu prestar atenção na dor incendiária em minhas escápulas, ombros, braços, costas.
— Como você descreveria alguém que executa até crianças e grávidas em praça pública?
Gabriel retesou-se com uma expressão ultrajada.
— Monstruoso parece adequado. Eu, no entanto, jamais fiz nada remotamente parecido.
— Claro que não, você se contenta em dar as ordens. Covarde e monstruoso, que combinação patética.
Do outro lado da cela, um sacudir de cabeça e uma risada exasperada.
— Essas histórias absurdas funcionam mesmo pra incitar rebeldes contra mim e o Império? — replicou, azedo, soltando outro riso sem humor. — Bom, claro que sim. É útil pra uma causa inventar um inimigo desumanizado.
Histórias absurdas. O ódio subiu minha garganta com a fúria de brasas.
— Seu merda. Eu deveria ter te deixado morrer.
Silêncio. Encarei o teto, esperando-o iniciar uma litania sobre minhas ingratidões — ele compartilhara comida, me deixara me lavar, devolvera meus ombros deslocados à posição original. Se eu soubesse sua identidade antes, teria agido diferente? Impossível dizer. Ele não parecia mesmo o tipo de gente que executaria crianças alegremente, embora o pouco caso com meu testemunho fosse uma pista de seu caráter. Desdenhava do sofrimento dos rebeldes e daqueles medrosos demais para se juntar a nós (mas corajosos o suficiente para não nos denunciar).
O tempo alongou-se naquela mortalha de silêncio, esgarçada pela algazarra de minhas reflexões. Eu devia ter cochilado, pois quando me dei conta a tarde chegava ao fim. Os mosquitos voltavam a reinar, malditos fossem. Engoli em seco, a garganta ainda mais arranhada pela sede. A simples ideia de me mexer causava agonia.
Os pernilongos pareciam zumbir dentro do meu cérebro. Eu não podia fazer nada além de comprimir os olhos e torcer para passar logo. Em vez de irem embora, só vinham mais.
Por que não me matavam de uma vez? Por que me manter presa ali? Ninguém viria me salvar; provavelmente Nadja tomara medidas para proteger os pontos fracos das terras livres, temendo que eu os denunciasse. Sendo assim, só me restava morrer logo para os lixos do Império não arrancarem informações legítimas de mim.
Meus olhos marejaram. Por que insistir em sobreviver? Um esforço vão. Doloroso. Desnecessário. Não precisavam mais de mim em casa. Deviam ter me substituído logo na primeira semana. A única coisa que eu podia fazer para garantir a segurança de todo mundo era ficar de bico fechado, e só havia um modo de assegurar isso.
Mas como?
O balde atraiu meu olhar. Bastaria? Gabriel dormia sentado, a cabeça pendendo para trás contra a parede, o pomo de Adão bem em evidência. Prendi a respiração e ergui-me devagar. Meu corpo urrou, mas travei o maxilar e aguentei quieta. Soltei o ar, sentei-me sobre os calcanhares e enfiei a cabeça na água.
Achei que não teria coragem de levar aquilo até o fim. Meu peito estava em chamas. Minha cabeça latejou em fúria. Meus ouvidos zuniam a cada pulsação. Entretanto, a dor perene lembrava o interrogatório. Se eu falhasse agora — se não resistisse à centelha que implorada vida! — enfrentaria o martírio outra vez. Ou algo ainda pior.
Uma mão puxou meu ombro. No susto, inalei água, caindo para trás com um grito de dor, derrubando o balde. A tosse engasgada rasgou mais ainda a traqueia esfolada. O ar não vinha, os espasmos não cessavam. Um gemido debaixo de mim disse que eu aterrissara em cima de Gabriel. Ele me empurrou para o lado e sentou-se, arfando. Um pânico me dominou ao ver toda a água derramada sob nós.
— O que você fez?! — solucei.
Senti seu olhar em mim.
— Impedi uma idiotice — respondeu, a mão na costela.
— PRA QUÊ?! — Puxei os cabelos, arranhei o rosto. Queria arrancar minha pele, escapar de mim. — Pra me torturarem mais e me arrancarem informações que vão matar todo mundo que amo? Você é um monstro! E sou fraca, fraca, fraca…
Repeti aquilo quase em transe, até a palavra ser engolida pelo pranto. A expressão de Gabriel desanuviou-se. Do nada, ele me abraçou contra o peito, murmurando “shh”. Não sei por quê fez isso. E deixei. Não sei por quê também.
Algumas respostas vieram
Eu e o Porém Bruno chamávamos este livro por um apelido infame, já que não encontramos um bom título provisório: Fodidos do Império (juro, na minha tabela de contagem de palavras, ele consta como “FI”). Porque é como a Sofia e o Gabriel estão, né? Embora em condições bem diferentes. E essa é uma das questões do romance.
Trouxe aqui elementos tensos, tipo a confusão emocional de entrar em contato com o ser humano que até então não passava de um inimigo resumido a um título. Não mais um cargo distante, um cara de carne e osso, cujas ações diferem da expectativa. Claro que a Sofia ia surtar. Essa é uma história enemies to lovers (inimigos que se apaixonam)? É. Embora atípica, você vai ver. E o percurso não será fácil. Porque eles são inimigos mesmo, estão alinhados a eixos ideológicos opostos. Mas também são duas pessoas vivendo a desumanização de uma prisão que nunca ouviu falar em direitos humanos. Isolados de seus pares. Sem poder contar com mais ninguém.
Você sabe, questões de poder, autoridade e ética atravessam todos os meus livros de alguma maneira. Talvez eu esteja tentando fazer as pazes com o fato de não saber mudar o mundo.
Não incluir tortura explícita foi uma escolha. Como comentei noutra ocasião, a violência espetacularizada ameniza o impacto de outras violências. Já abandonei séries por esfregarem tortura na minha cara, tipo The 100 e Altered Carbon. Além de me causar mal-estar, quando episódios inteiros mostram sofrimentos impensáveis, o parâmetro de horror acaba subindo. E daí a solução é trazer algo ainda pior. Não, obrigada. Dá pra contar uma história impactante sem esse recurso.
Tem algum aspecto dessas discussões que você gostaria de ver comentado nesta seção? Pode me dizer respondendo ao e-mail, comentando no Substack, mandando DM nas redes ou mensagem no grupo do Telegram! Eu adoraria saber as suas impressões, porque esse capítulo, embora mantenha o tom dos anteriores, redesenhou os parâmetros, enveredou pra um caminho sem volta, mostrou uma pontinha de tudo o que está em jogo. Só posso acrescentar: vem muito aí!
Se alcançarmos 50 assinantes, o próximo capítulo sai dia 22 de janeiro. Caso contrário, dia 5 de fevereiro, um dia antes do meu aniversário. Seja como for, fico feliz de compartilhar essa jornada com você!
Antes de encerrar, queria rapidinho indicar uma campanha que está terminando no Catarse, pra quem se interessa por escrever: o Manual de Sobrevivência na Escrita, dos meus amigos Ana Rüsche e George Amaral, ambos escritores e colegas acadêmicos do fantástico. Faltam só 4 dias e acabou de bater a meta. Te convido a dar uma olhada.
Na próxima news, devo ter alguma notícia sobre o aguardado lançamento de 2024. Até lá o/
Oh vida de quem precisa trabalhar e não pode ficar o dia inteiro analisando cada frase do Gabriel e pensamento da Sofia, tentando extrair migalhas de informações 😔 Porém detetives, façam seu trabalho!!! 🤣🤣
Essa parte da tortura foi tão sensível e dolorosa ao mesmo tempo, não sei explicar, mas obrigada, e a arte ta incrível, vc se superou demais.
Eu tava pensando que entendo completamente ela ceder e contar a verdade, isso foi mt pesado mas UFA NÃO, ela é mais forte que eu.
Tadinha da sofia, é uma humilhação, dor física e psicológica gigante. O Gabriel ajudar é o mínimo, mas fiquei feliz, pensar que ela foi jogada ali nua e ele teve a decência de a vestir e cuidar dela ajuda meu coração a lidar com issso.
Entendo demais a raiva dela, se ferrar, ta ofendido? Que tal não ser um bosta??? Pode xingar aqui? Não sei se o sistema da block e te gera problemas mas fica aí que ele é um ********* ***** ** *** **** .
SIM A CULPA É SUA
Eu sabia que ele tinha culpa no cartório mas to com mt raiva, esse ***** deu até o nome certo de tanto que o ego é grande, e achou q ia ser divertido qnd ela descobrisse, eu vou cometer um crime.
Será q eles viram ele sendo de boa com ela e foram pra tortura só pra jogar na cara dele?
Isso mesmo, como vc acha q ela se sente???????????
Se quer tanto ajudar pare de matar pessoas uai, deixa a revolução rolar.
Eu jamais teria agradecido ele nada, Sofia vc é um anjo na terra.
Pois que bom q ele ta todo quebrado, espero q apanhe mais e eu ajudo.
Que agonia dela falando a verdade pra ele, minha bebê ta tão abalada.
Tortura? Não. ❌🙅♂️
Matar criancinha e grávida? Sim. ✅🥰
Eele pode até negar e provar q n fez isso depois mas agora eu vou ficar com raiva sim, GABRIEL É O MAL DO MUNDO E EU POSSO PROVAR
E ele ainda se protege usando o famoso "fake news" ai ai.
Que agonia de estarem ouvindo eles conversarem, tudo é mt desumano
Ai meu coração, que parte difícil, a cabeça dela indo longe e ela completamente sozinha, que cuidado lindo pra escrever isso de uma forma respeitosa e muito real.
A lista de coisas certas q o gabriel fez n é mt grande mas tem mais uma coisa a ser adicionada. Como que acaba assim 😭