Semana retrasada postei nas minhas redes e no meu canal do telegram que, finalmente, depois de três anos e muitos meses (atravessados por uma pandemia, um doutorado e uma mudança de país), acabei a prometida continuação de Porém Bruxa. Mas, na prática, o que isso quer dizer?
Fechei o manuscrito. Não é o rascunho zero — como eu chamo a versão completa sem nenhum tipo de edição — porque esse livro me exigiu muitas idas e vindas, pausas, revisões, reescritas, cortes, acréscimos. O conjunto de trabalhos e retrabalhos conhecido como “edição”, embora mais pesada do que de costume dessa vez. Nesse caso, autoedição, porque ainda é um texto sem contato externo (exceto minha irmã Adriana, é claro, a quem sempre recorro em momentos de crise). Resumindo, fora os três últimos capítulos, pendentes há tempo demais para o meu gosto, tudo no livro foi lido e mexido pelo menos seis vezes, das que contei, fora releituras pontuais.
Por isso falei (no Twitter e no Instagram) em mandar um livro recém-finalizado para a editora na mesma semana: ele não é — está bem longe de ser — um rascunho zero. Estes últimos são, por natureza, mal acabados, e submetê-los geraria um monte de dificuldades desnecessárias, inclusive atrasando o resto do trabalho editorial. Um dia falo mais a respeito.
Mas, EIS QUE, enquanto fazia uma última leitura (em voz alta), algo aconteceu.
Percalços
Eu estava no capítulo 13. Como eu e meu marido moramos num estúdio, o coitado não tinha escolha além de ficar no mesmo cômodo, fazendo as coisas dele, mas me ouvindo toda vez que tirava o fone. Num desses momentos, ele vira e me pergunta: “Carol, mas por que a Ísis agiria assim, se o modus operandi dela normalmente é outro?”
Excelente pergunta. Na hora, falei: “não, imagina, é por causa dessa circunstância especial aqui”. Mas ele tinha razão.
O problema foi que a cena em questão estava relacionada com uma parte do caso. A Ísis tinha chegado lá por causa de algo que aconteceu no capítulo 11. Que só era possível por causa de um acontecimento no capítulo 4. Mas o do capítulo 4 sim, não era, DE JEITO NENHUM, algo que a Ísis faria. E isso me incomodou, porque eu dependia desse acontecimento para outra parte da investigação se desenrolar. Essa outra parte era basicamente o motor de tudo o que vem depois.
Gravei um Tiktok/ Reels engraçadinho sobre isso na hora, porque sou brasileira e não desisto nunca, então rio da desgraça antes de tentar consertar.
No fim, sabe que a situação não estava tão desesperadora quanto pareceu a princípio? Umas duas horas depois eu já sabia como resolver mantendo tudo o que eu precisava que acontecesse no lugar. E no final do dia já tinha feito as mudanças. Mas, olha, ralei. Apesar de ter atrasado tudo, foi melhor assim. Um livro não pode ser apressado, senão sai ruim.
Quais as próximas etapas?
Depois de terminar, envio para a editora. Meus editores leem, sugerem mudanças, discutimos para alinhar minha visão com a deles, eu decido quais vou fazer e quais não. Após eu mexer, volta para eles, que aprovam (ou não, caso em que a primeira parte se repete) e mandam para uma pessoa (te amo, Luiza) que vai coordenar todo o processo envolvendo preparação de texto, revisões, diagramação. A cada etapa, o texto volta para mim, mas só releio na íntegra após a preparação (que tende a mexer mais) e a diagramação (quando vem a versão final a ser impressa). Inclusive, registro minha profunda gratidão a todes que não me xingaram — pelo menos não na minha cara hahaha — quando mudei um parágrafo inteiro depois de tudo pronto.
E para que estou explicando isso ?
Porque tenho a felicidade de ter leitores ansioses para ler. Eu mesma estou roendo as unhas. Mas você bem pode imaginar que esse processo todo toma tempo, fazendo com o cuidado devido, e o que pode parecer longe para a maioria (a Bienal do Rio, por exemplo) está aí na esquina, de um ponto de vista editorial.
Porém Bruxa & a sequência misteriosa
Antes de começar a última revisão integral para enviar o livro à editora, reli Porém Bruxa na nova edição, junto com os contos, para conferir ~detalhes e como falei de ~certas coisas.
Foi pura diversão (a edição está maravilhosa, com uma diagramação muito gostosinha). Em vários momentos, tinha lá uma frasesinha despretensiosa, lançada no meio de um parágrafo onde outro assunto era o foco, e eu só MUAHAHAHA se as pessoas imaginassem onde isso aqui pode desaguar…
(até desenvolvi algumas no conto “Agora Diplomata”, no final do volume, mas o buraco é tão mais embaixo hehehe)
Terminei Ísis 2 neste caderninho per-fei-to da Flame Tree, uma das minhas marcas preferidas:
Esse eu ganhei para fazer uma postagem promocional no Instagram, então se você puder deixar uma curtida e um comentário por lá vou ficar feliz. Tirei as fotos num parque lindo de Lyon que descobri nesse dia!
No que vou trabalhar depois de acabar?
Preciso botar textos acadêmicos no topo das prioridades, mas tenho objetivos lunáticos para 2023, dentre os quais resolver livros que estão em diferentes fases, desde projeto a reescrita, passando por obras em 50% ou 70% do rascunho zero. Depois conto mais sobre essas…
Mas aí eu estava revisando Ísis 2 e outro livro se intrometeu nos meus planos…
Quem está no meu canal do Telegram já viu essa foto antes!
Mas, claro, para pôr esse tanto de livro no mundo, os que já existem precisam mostrar para a editora que vale a pena. Se você puder me ajudar a criar/ manter o hype (falando nas redes, deixando resenha no Skoob/ Goodreads/ Amazon) e compartilhar essa news (se ela te empolgou), já me ajuda muito!
Um beijo e um abraço apertado!
P.S.: quando a nova edição de Porém Bruxa entrou na Amazon, fundiu-se com a antiga. De 1201 avaliações, fiquei com 151 (que, agora, subiram para 172). Se você já tinha avaliado antes, me ajudaria muito dar uma olhada se ainda está lá e, senão, deixar ao menos as estrelinhas!
eu adoro acompanhar esses detalhes do processo de escrita do romance! continua postando 😀 e boa sorte com a edição 🥰
Muito bom saber que não era impressão minha esse negócio de ~frases despretensiosas~ e eu adoro que você gosta de judiar da gente